Patrimônio

Um quase centenário de estrutura remodelada

Sede do Clube Cultural Fica Ahí passa por reforma no telhado, última fase das obras de recuperação no prédio da entidade social

Paulo Rossi -

O quase centenário Clube Cultural Fica Ahí Pra Ir Dizendo está em reforma novamente e até o final deste mês deve ser concluída a recuperação total do prédio. O telhado, o madeiramento e o forro foram removidos. A fase é de reposição, com todo o material novo. Em função disso, o salão principal está interditado, mas o do andar térreo, o primeiro a ser restaurado, funciona a pleno para a realização de eventos. 

Foram três anos de portas fechadas, desde o trágico incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria, que matou 242 pessoas. O prédio do clube, como tantos no Rio Grande do Sul, não se enquadrava nas exigências do Corpo de Bombeiros para lugares que recebem grande público. Durante esse período alguns eventos foram realizados em outros locais para angariar fundos à reforma.

O presidente do clube, Raul Borges Ferreira, é um abnegado e está na função há 14 anos. Conta que muito botou do seu dinheiro para completar quando faltava verba para dar continuidade ao projeto. A entidade tem um quadro de sócios pagantes de pouco mais de 30 pessoas. Outros 15 são remidos. Com uma mensalidade de R$ 25,00 fica difícil obter renda para bancar as reformas. Os recursos vêm dos eventos.

O presidente trabalha no momento em uma nova campanha para atrair mais sócios. Embora o clube não ofereça muitas opções de entretenimento, tem espaço para realização de eventos, com preço reduzido para sócios. “A turma nova não quer se associar. Aqui só tem os de mais idade”, comenta. Ferreira acredita que a saída para levar mais gente para dentro dos salões do Fica Ahí são promoções. Baseado nisso, pretende agendar jantares e almoços para homenagear personalidades e instituições. O primeiro de 2017 foi para comemorar o aniversário de 96 anos da entidade, em janeiro, quando teve a solenidade de reconhecimento aos Amigos do Clube. A reportagem do Diário Popular esteve entre os agraciados. Foram entregues 70 troféus.

Anuncia novas festas, como a em homenagem aos compositores de Pelotas, a jornalistas e a fotógrafos. Outras promoções virão ao longo do semestre. A ideia é manter o clube frequentado. Para tanto, quer melhorar o acervo da biblioteca negra, a única no Estado, e dar o nome de um grande colaborador do Fica Ahí, Rubinei Machado, já falecido. O espaço foi inaugurado em março de 2007 e idealizado pelo grupo de estudos negros Sangoma, orientado pelo professor Uruguay Cortazzo. Ferreira quer comprar a parte do acervo do professor. Salienta que o ponto de cultura também continua funcionando no andar térreo.

Mudanças pelo PPCI
Como exigências do Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) foram substituídas portas e construída uma nova escada na lateral do prédio. A obra no telhado se iniciou dia 2 de maio. “Não caiu porque meu santo é muito forte”, diz, ao se referir ao madeiramento, que estava todo danificado pela ação de cupins. Ele pretende estar com tudo pronto até o fim do mês, para que possa ser providenciada a pintura, última etapa do projeto de restauração da casa que conta a história do negro de Pelotas.

De cordão a clube
Fundado em 27 de janeiro de 1921 por Osvaldo Guimarães da Silva, Renato Monteiro de Souza e João Francisco Ferreira, o Clube Cultural Fica Ahí Pra Ir Dizendo iniciou as atividades como um cordão carnavalesco. Sob a direção do jovem Lino Silveira e regência do músico Afonso Aguirre, o desfile foi sucesso e garantiu a continuidade do trabalho. Então os componentes do cordão resolveram transformá-lo em um clube de negros, local para poderem realizar bailes, quermesses, chás, festivais e jogos.

A sede atual, na rua Marechal Deodoro, 774, foi a quarta do clube. A pedra fundamental foi lançada em 1º de janeiro de 1953, sendo a inauguração ocorrida em 14 de fevereiro de 1954. Além de espaço cultural, o Fica Ahí abrigou durante anos o grupo Escolar Doutor Francisco Simões. Foi lá que nasceu também a escola de samba Academia do Samba, que permaneceu no local até os anos 1960/1970, segundo conta a história do clube.

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